quarta-feira, 28 de abril de 2010

Bíblia e Predestinação [9] - A Perseverança dos Santos




Para ler o post anterior da série, clique aqui.
Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:37-40)
Quando eu me converti, na época em que Dunga era só um jogador de futebol e o Brasil ganhava o tetracampeonato, um argumento usado para me convencer a deixar de ser católico era a distinção entre os católicos praticantes e não-praticantes. Dizia o nobilíssimo Rafael Garcia, o homem usado por Deus para me levar ao Evangelho: "Vocês, católicos, escolhem se seguem ou não a sua religião, por isso há os praticantes e os não-praticantes. Mas nós evangélicos não temos essa distinção: todos temos que seguir a nossa fé".

Infelizmente, hoje em dia este argumento não é mais válido. Os evangélicos também têm os seus não-praticantes, também conhecidos como desviados. Pessoas que freqüentaram igrejas, foram batizadas, mas abandonaram a fé ou vivem de modo contrário a ela. E há uma angústia enorme quanto à salvação dessas pessoas. Afinal, se elas morrerem hoje, vão ou não ao céu?

Responder a esta pergunta não é fácil. Mas antes de chegarmos lá, precisamos compreender uma doutrina: a da perseverança dos santos.

Os dois lados do ringue
Uma vez adquirida a salvação, ela pode ser perdida por causa de algum pecado? Segundo os calvinistas (ou reformados), a resposta é não. O verdadeiro salvo perseverará no caminho do Senhor até o fim. Ainda que ele se decepcione com Deus e com a Igreja, essa decepção nunca se transformará em uma apostasia, ou seja, jamais o verdadeiro salvo chegará a perder a sua fé em Deus. Essa doutrina é conhecida como a perseverança dos santos, e é o último ponto do calvinismo.
Os arminianos pensam diferente. Para eles, a salvação pode sim ser perdida. Se um salvo peca e não tem tempo de confessar o seu pecado e arrepender-se dele, ele irá ao inferno. Essa doutrina tem sido básica em muitas igrejas, notadamente algumas de cunho neopentecostal fortemente ligadas às doutrinas do G-12 e de batalha espiritual.

Uma acusação arminiana ao calvinismo é de que a perseverança dos santos induz os salvos ao relaxamento moral. Ao afirmar a salvação como uma graça eterna, o calvinista induziria os cristãos a darem ao pecado um valor menor que o real e a superestimar a graça divina, produzindo uma igreja de desviados.
A minha acusação como reformado é um pouco mais pesada: o ponto de vista arminiano torna Jesus Cristo um Filho desobediente ou incapaz de cumprir a vontade do Pai. Se a perseverança dos santos não é real, há um conflito na Trindade e não seria exagero negar a divindade do próprio Cristo.

O ensino de Jesus
Vejam o que diz Jesus no texto que abre este post. Algumas afirmações não podem passar despercebidas:

1) Todo o que o Pai dá a Jesus, vai até Ele. Esse ponto é mais desenvolvido no post anterior, sobre a graça irresistível.

2) Jesus não lança fora os que vão até Ele. Essa promessa é reforçada pela expressão "ou mê", que é traduzida como "nunca" ou "de modo nenhum". Em outras palavras, não há uma possibilidade pela qual Jesus venha a rejeitar os que Ele recebe do Pai. Se Jesus rejeitar um só destes, Ele mentiu e já não merece ser chamado de Deus.

3) A vontade do Pai é que nenhum eleito se perca. Deus Pai deseja que todo homem que veja o Filho e creia n'Ele tenha a vida eterna. Todos, sem exceção. Ele dá pessoas ao seu Filho e não quer que o seu presente seja desperdiçado. Repare, no entanto, que o texto não diz que a vontade do Pai é salvar a todas as pessoas, mas apenas um grupo de pessoas: os que Ele deu ao Filho, que são os mesmos que veem a Jesus e n'Ele creem.

4) Jesus vem cumprir a vontade do Pai. Salvar a humanidade, ensinar, curar...tudo isso pode ser resumido em uma única intenção de Jesus: fazer a vontade de seu Pai. De fato, esse objetivo era tão forte que Ele disse que eram a Sua comida (João 4:34). Repare que Jesus coloca sobre Ele mesmo a responsabilidade de guardar os salvos. Se eles não se perdem é porque Jesus cumpre a vontade do Pai e não perde os Seus filhos.

Mas, e os desviados?
Há duas possibilidades. A mais benigna é a de que pode ser que o "desvio" seja algo passageiro, que o cristão se arrependa e volte à comunhão com o Senhor. É isso o que parece ter acontecido com um membro da igreja de Corinto:
Ora, se alguém causou tristeza, não o fez apenas a mim, mas, para que eu não seja demasiadamente áspero, digo que em parte a todos vós; basta-lhe a punição feita pela maioria. De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor." (2 Coríntios 2:5-8)
Por outro lado, é possível que, na verdade, o desviado jamais tenha sido salvo. Na parábola do trigo e do joio, Jesus afirma que tanto o trigo (filhos de Deus) como o joio (filhos do diabo) crescem juntos no mundo (o que, certamente, inclui também as igrejas). Salvos e não-salvos vivem lado a lado e nem sempre é possível distinguir um do outro:
Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro. (Mateus 13:29-30)
Todos os versículos de advertência quanto a uma possível perda de salvação devem ser lidos tendo essa parábola em mente. Os apóstolos escreviam a igrejas onde trigo e joio convivem lado a lado. As ordens de perseverar servem para encorajar os salvos a permanecerem na fé e para evidenciar as pessoas que não são filhas de Deus:
Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. (1 João 2:19)
Uma advertência final
A perseverança dos santos não é, de modo algum, uma licença para pecar. Nem ela e nem a doutrina da predestinação. O verdadeiro cristão se santifica à medida que o tempo passa, enquanto os condenados ao inferno permanecem no pecado. Um versículo de Apocalipse esclarece bem isso:
Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. (Apocalipse 22:11)
O santo persevera na santidade e não no pecado.

Concluo aqui a série de posts sobre a base bíblica da predestinação. Espero que a exposição seja útil à edificação dos irmãos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Demitiram o meu Pastor... E agora?


Por Augusto Guedes

O pastor da minha igreja é alguém de quem eu gosto muito. Certo dia, fui surpreendido com a notícia de que ele fora demitido das suas funções, o que me levou a perguntar: Mas, por quê? Foi quando um amigo, que é da liderança, passou a me contar com detalhes...

“Na realidade, nem sabemos bem como explicar todo esse processo. Ao mesmo tempo em que nos sentimos frustrados com o desenrolar dos acontecimentos, por ser ele uma pessoa que aparenta não ter sequer um defeito, temos a sensação do dever cumprido por observarmos que ele nunca iria preencher o perfil exigido para a função de pastor da nossa igreja. Se nos relacionamentos ele é uma pessoa nota “mais que mil”, em muitas outras áreas ele deixa a desejar. E o pior é que observamos não se tratar de incompetência, mas de opção.

Acredito que a decisão de demiti-lo foi acertada no sentido de preservar a nossa igreja, afinal, somos seus guardiões, e, assim, tínhamos a responsabilidade de tomá-la o quanto antes.

Seu ministério conosco teve início de uma forma surpreendente. Estávamos sem pastor e a simples convivência com ele nos cativou de maneira tal que o seu reconhecimento à função tornou-se irresistível para nós. Foi quando descobrimos a nossa primeira divergência: enquanto achávamos de fundamental importância a sua confirmação nas funções eclesiásticas, de acordo com os nossos normativos, ele afirmava não ser necessário e até agia com certo desprezo. Mesmo assim, o seu pastoreio parecia ser indiscutível e unânime no seio da comunidade, o que entendemos como direcionamento de Deus. Terminamos abrindo mão – Que equívoco! Depois disso as coisas só pioraram. Há muito ele já vinha “pisando na bola” em várias situações, inclusive com a inversão de vários valores.

Ao invés do púlpito, ele preferia estar à mesa. Desejávamos ter um grande pregador para os nossos cultos públicos, e ele o era - na realidade - imbatível. No entanto, por várias vezes delegou a sua atribuição a outros, preferindo estar nas casas dos irmãos ou nos bares e restaurantes da vida, comendo e bebendo em meio a uma boa conversa. Segundo ele próprio, esse era o seu principal ministério: “a oportunidade de ensinar, aconselhar, encorajar, ouvir, chorar com os que choram,...” Quando perguntávamos por ele no meio da liderança, já havia até a resposta irônica: "deve estar por aí, de casa em casa, de mesa em mesa, de bar em bar".

Aliás, nessa coisa de viver comendo e bebendo com as pessoas, chegou a sentar-se com muita gente que não devia. O pior é que várias dessas pessoas se converteram e não vieram para a nossa igreja. Ele só pregava o arrependimento e não uma adesão comprometida conosco e com a nossa visão. É verdade que, desses, todos mudaram radicalmente seus comportamentos, alguns abriram trabalhos sociais, passaram a promover reuniões caseiras ou, em seus ambientes de trabalho, tornaram-se intensos evangelistas. Muitos se reconciliaram com pessoas a quem tinham ofendido, pediram perdão, pagaram dívidas; mas só isso, apenas isso.

Aos invés de solenidades, ele preferia o informal. Facilmente abria mão de reuniões, cultos e até rituais fundamentais, como por exemplo, o batismo. Nunca batizou ninguém. Enquanto achávamos ser sua responsabilidade tal ordenança, ele delegava sempre aos outros, ensinando que todos, como sacerdotes, podiam fazê-lo em nome do Pai, do Filho e do Espírito. O mesmo acontecia com muitas outras atividades que julgamos pertencerem apenas àqueles investidos da autoridade pastoral. Na ministração da ceia, nunca se opôs à participação das crianças, nem exigiu o pré-requisito de ser membro da nossa igreja. Na verdade, nunca estabeleceu critérios tanto para a participação quanto para a ministração. Apenas encorajava uma busca por comunhão entre os irmãos e reconciliação com Deus, mediante o arrependimento, e o conseqüente comer do pão e beber do cálice. Há quem diga que ele instruía a celebração da ceia, independente do dia e do local, e não apenas no templo.

Quando resolvemos votar uma remuneração pelos seus serviços prestados, outra vez nos decepcionamos. Esperávamos negociar um valor, enquanto para ele qualquer oferta valia. Desejávamos ter um bom administrador, mas parece que ele não sabia sequer administrar os seus próprios bens. Bastava encontrar alguém necessitando de alguma coisa para, de imediato, fazer uma doação. Internamente lutamos muito com isso, pois sempre procuramos lhe pagar bem, um bom salário, digno de um executivo de alto nível, o top da nossa sociedade. Mesmo assim ele nunca comprou sequer um carro. Já pensou? Andando sempre de carona? Isso não fica bem para um pastor. Queira ou não ele é nosso representante, atuando em nome da nossa institutição perante a sociedade. Mas parece que ele não liga muito pra isso. Além de não ter um carro digno de um homem de Deus, nunca quis morar num dos bairros mais chiques da cidade e nem vestir as roupas de algumas das principais lojas como lhe aconselhamos. Você sabe que isso é fundamental para se penetrar na sociedade!

Pessoalmente eu fiquei muito triste, pois no seu aniversário, eu mesmo lhe dei uma camisa de grife e logo depois a vi sendo usada por aquele “João ninguém desempregado” no dia do casamento da sua filha. Até reconheço que ele abençoou o irmão numa ocasião tão significante, mas ele não podia ter feito isso. Eu lhe dei aquela camisa e esperava vê-lo pregando com ela no dia do aniversário da igreja.

Foi exatamente aí a gota d´água. Justamente no dia da celebração do aniversário da igreja ele pediu licença para ausentar-se, a fim de estar com a família do seu amigo Lazaroni, que havia morrido. Questionado, chegou a sugerir que não houvesse a reunião e que todos fossem com ele. Foi uma total decepção para nós da liderança. Quase não acreditamos. Estava tudo planejado para ele pregar naquela noite com vistas à presidência da nossa denominação e da Associação de pastores da cidade. Tudo indicava que ele nem pensava nesse tipo de influência. Mesmo nas poucas reuniões administrativas que participou praticamente obrigado, nunca sequer opinou sobre as nossas estruturas, metas e ações do planejamento estratégico e nem mesmo quanto as questões litúrgicas. Ao sair, ainda lembrou-se do que sempre ensinava: melhor é freqüentar funerais do que festas.

Aqui para nós, ele sempre perdeu muito tempo com as pessoas, ao invés de priorizar as atividades pertinentes as suas funções, tão necessárias à vida da igreja.

Depois dessa tamanha decepção, começamos a enxergar a sua inadequação por não preencher alguns dos principais requisitos do perfil que sempre traçamos para os candidatos a pastores da nossa amada igreja: ele é solteiro, com menos de cinco anos de exercício no ministério, e não possui formação teológica. Só assim conseguimos convencer a maior parte da igreja a nos apoiar nessa decisão. Acertadamente o substituímos por um doutor em divindade, além de mestre em espiritualidade no antigo e novo testamentos, e também bacharel pelo nosso seminário.

Depois que ele saiu, confesso que fiquei inicialmente um pouco preocupado com o seu sustento, mas logo lembrei que ele possui outra profissão: é marceneiro. Certamente se dará bem. Quanto aos irmãos, na realidade, muitos estão pensando como eu. Quando necessitarmos de um amigo verdadeiro é só convidá-lo para um bom bate-papo regado a um bom vinho em torno de uma saborosa refeição.

Ao final de toda essa explicação, descobri algo maravilhoso e libertador: definitivamente essa não é a minha igreja e Ele continua sendo o meu pastor.

(Qualquer semelhança desta ficção com a vida eclesial dita "normal" não é mera coincidência. Desejo promover uma reflexão sobre o que Jesus possivelmente abominaria em nosso meio).

Fonte: Cristianismo Criativo Via: Emeurgência

Paixão pela glória de Deus


Por Franklin Ferreira

Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O SENHOR, forte e poderoso, o SENHOR, poderoso nas batalhas. Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Salmo 24.1-30)

Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade. Por que diriam as nações: Onde está o Deus deles? No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. (Salmo 115.1-3)

Correndo o risco de soar clichê, a igreja está em crise. Não apenas no que diz respeito à sua forma externa. Esta crise é evidente também na vida interna da igreja. Muito se debate hoje sobre o culto, mas, tomando muito cuidado, não parece que nossos cultos perderam muito de seu significado? Não só os cultos, aparentemente, se esvaíram de significado. Nossas vidas também estão vazias de significado; vidas medíocres, vidas pobres, simplesmente levadas pelas circunstâncias. Mas, por que isto está acontecendo? Provavelmente porque o vocábulo “Deus” se tornou uma palavra sem conteúdo para nossa geração. E, por conseguinte, buscamos o culto somente como o lugar onde nossas “energias” serão reabastecidas. Mas o culto é para a glória de Deus, que deve ser a paixão maior do cristão.

1. Precisamos pensar sobre o Deus que se revela nas Escrituras. Por meio da Bíblia aprendemos que Ele é o Deus trino, que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo. Ele é cheio de graça, majestade, santidade e soberania. Ele é o Senhor criador de todas as coisas, o todo-poderoso, que sustenta e governa toda a criação. O Pai perdoa pecadores por meio do sacrifício de seu único Filho na cruz para ajuntar a igreja dos quatro cantos da terra. E Ele envia Seu Espírito para confortar e santificar a igreja.

E o Deus que se revela nas Escrituras faz com que toda a criação o glorifique. O que significa a glória de Deus? John Piper define a glória assim: “Na Bíblia, o termo ‘glória de Deus’ geralmente se refere ao esplendor visível ou à beleza moral da perfeição multiforme de Deus. É uma tentativa de expressar com palavras o que não pode ser contido por palavras – como Deus é em sua magnificência e excelência revelada”. De forma bem simples, a glória de Deus refere-se à majestade e brilho que acompanham a revelação da palavra e do poder de Deus. Em outras palavras, a glória de Deus refere-se à suprema beleza do Deus triuno.

Mas – por que Deus busca glória? Porque somente Ele é Deus. Se Ele buscasse a glória fora de si mesmo, então existiria uma outra divindade no universo, digno de louvor. Só existe um único Deus, o Senhor, o Eu Sou, que se revela nas Escrituras. E, porque somente o Senhor é Deus, Ele é digno de toda a glória. Por outro lado, quando a igreja glorifica a Deus, a igreja imita a Trindade. Pois as santas pessoas da Trindade vivem para a glória da unidade divina.


Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo. (…) Ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado. (…) Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. (João 17.1-5, 10, 22-24)

O Espírito Santo busca a glória do Filho, o Filho busca a glória do Pai e o Pai tem prazer em glorificar o Filho e o Espírito na igreja e no mundo. Então, porque Deus é Deus, Ele é o único digno de toda a glória.

E Deus, de fato, faz com que todas as coisas redundem em glória para ele. A criação é obra para Sua glória. A Escritura diz que Deus viu que tudo era muito bom. Ou, numa outra tradução, que tudo era muito belo. Bondade e beleza, presentes na criação sem pecado, refletiam e demonstravam a glória de Deus na criação. E, para nosso escândalo, a queda ocorre para a glória de Deus – a queda é a ocasião em que a vinda do Filho é prometida, quando Deus mesmo diz: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça,e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3.15). A humanidade que se espalhou pela terra e o dilúvio ocorreram para glória de Deus. E o Senhor Deus bagunça as pretensões idolátricas e religiosas na Torre de Babel para sua glória. E Deus entra em aliança com Abraão, Isaque e Jacó para sua glória. E ele se mantém fiel à aliança – mesmo em meio ao pecado e miséria – para Sua glória. O povo da aliança é sustentado durante a escravidão no Egito durante 400 anos – para Sua glória. Com braço forte, com sinais e prodígios, o povo é retirado do Egito – para Sua glória. O povo chega à terra da promessa, depois de 40 anos de peregrinação, onde a paciência de Deus é revelada – para Sua glória. O povo padece debaixo do pecado e em meio às invasões de outras nações durante quase 400 anos – para Sua glória. Reis são levantados – para sua glória. Reis caem – para Sua glória. O reino é dividido – para Sua glória. A nação de Israel é levada cativa – para Sua glória. Judá é conquistada – para sua glória. Jerusalém é destruída – para Sua glória. O povo é levado para o cativeiro – para Sua glória. Para que se saiba que:


Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro; além de mim não há Deus. (…) Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro. Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas coisas. (…) Fui eu que fiz a terra e nela criei a humanidade. Minhas próprias mãos estenderam os céus; eu dispus o seu exército de estrelas. (…) Verdadeiramente tu és um Deus que se esconde, ó Deus e Salvador de Israel. Todos os que fazem ídolos serão envergonhados e constrangidos; juntos cairão em constrangimento. Mas Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação eterna; vocês jamais serão envergonhados ou constrangidos, por toda a eternidade. Pois assim diz o Senhor, que criou os céus, ele é Deus; que moldou a terra e a fez, ele fundou-a; não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada; ele diz: ‘Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro’. (…) Por mim mesmo eu jurei, a minha boca pronunciou com toda a integridade uma palavra que não será revogada: Diante de mim todo joelho se dobrará; junto a mim toda língua jurará. Dirão a meu respeito: ‘Somente no Senhor estão a justiça e a força’. Todos os que o odeiam virão a ele e serão envergonhados. Mas no Senhor todos os descendentes de Israel serão considerados justos e exultarão. (Is 45.4-7, 12, 15-38; 23-25)

O povo passou 70 anos no exílio – para Sua glória. E o povo retornou para a terra – para Sua glória. Durante 400 anos Deus esteve em silêncio – para Sua glória. E o Filho assumiu a forma humana – para Sua glória. Este Filho foi tentado, mas em tudo permaneceu sem pecado – para Sua glória. O Filho, sem pecado, caminhou para a cruz – para Sua glória. O Filho foi morto, e padeceu a morte de cruz, morte de um criminoso – para Sua glória. O Filho morreu por nossos pecados – para Sua glória. O Filho matou a morte em sua ressurreição – para Sua glória. O Filho ascendeu aos céus – para Sua glória. O Espírito foi derramado sobre a igreja – para Sua glória. Nós somos salvos – para a Sua glória e por causa da Sua glória. O Filho voltará dos céus como o rei dos reis, senhor dos senhores – para Sua glória.


Depois disso ouvi nos céus algo semelhante à voz de uma grande multidão, que exclamava: ‘Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos são os seus juízos. (..)’. E mais uma vez a multidão exclamou: ‘Aleluia! (…)’. Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono, e exclamaram: ‘Amém, Aleluia!’ Então veio do trono uma voz, conclamando: ‘Louvem o nosso Deus, todos vocês, seus servos, vocês que o temem, tanto pequenos como grandes!’ Então ouvi algo semelhante ao som de uma grande multidão, como o estrondo de muitas águas e fortes trovões, que bradava: ‘Aleluia!, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-poderoso. Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Para vestir-se, foi-lhe dado linho fino, brilhante e puro’. O linho fino são os atos justos dos santos. E o anjo me disse: ‘Escreva: Felizes os convidados para o banquete do casamento do Cordeiro!’ E acrescentou: ‘Estas são as palavras verdadeiras de Deus’. (…) Vi os céus abertos e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça. Seus olhos são como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas coroas e um nome que só ele conhece, e ninguém mais. Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus. Os exércitos dos céus o seguiam, vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos. De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as nações. ‘Ele as governará com cetro de ferro’. Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso. Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. (Ap 19.1-9, 11-36)

Por que Deus existe? Para sua própria glória! E esta é a paixão última de Deus! Todo o propósito da história – e, mesmo, todo o propósito de nossa existência – é a glória de Deus. Deus não criou o universo para obter amor e adoração. Sendo um Deus trino, Ele já tem essas coisas em si mesmo. Mas, como escreveu Tim Keller, “o universo foi criado para espalhar a alegria e a glória que Deus já tem em si mesmo. Ele criou outros seres para transmitir o seu amor e a sua glória para eles, e para que estes o transmitissem de volta para Ele, de modo que eles (e nós!) pudessem entrar nesse grande processo, no circulo de amor e de glória e de alegria que Ele já possuía”. Então, em resposta à palavra evangélica, precisamos nos unir ao Deus todo-poderoso, oferecendo glória somente a Ele!

2. Nossa paixão deve ser glorificar a Deus, viver para sua glória, em tudo o que fazemos. Somos chamados e convertidos, somente por sua graça livre, soberana e irresistível, para sua glória. Somos alimentados pela Sagrada Escritura para sua glória. Assim como somos chamados à oração e devoção para sua glória.


E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (2 Coríntios 3.18)

No fim, todas as graças que fluem da cruz – regeneração, justificação, união com Cristo, adoção, santificação, perseverança – são aplicadas em nós pelo Santo Espírito, para a glória do Deus triuno. Devemos imitar nosso pai Abraão que:


Não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus (Romanos 4.20).

Nossas amizades, estudos, descanso, casamento, família, tudo deve ser buscado e feito para a glória de Deus. Toda a vida deve ser o teatro da glória de Deus.


Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. (1 Coríntios 10.31)

Especialmente nosso ministério na igreja deve ser para a glória de Deus:


Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo o sempre. Amém. (1Pe 4.11)

Assim como a glória de Deus é a paixão última de Deus, assim também, a glória de Deus deve ser a paixão maior em tudo o que fazemos ou pensamos.

3. Precisamos lembrar que fomos criados para experimentar alegria, contentamento e prazer. Pois bem. Quando glorificamos a Deus, aprendemos o que é a verdadeira alegria e prazer. Já que nossos afetos e desejos serão dirigidos para a glória de Deus, provaremos alegria e contentamento que não podem ser descritos, em Deus. E nada poderá roubar esta alegria e contentamento que teremos em Deus.


Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. (…) Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8.28, 37-39)

Quando descobrirmos em Deus nossa verdadeira alegria, nossa única fonte de contentamento, aprenderemos a nos alegrar com os pequenos detalhes da vida. Os amigos, família, uma música legal, um bom filme, o som do vento, o nascer do sol. Mesmo o sofrimento se torna lugar para a revelação da glória de Deus.


Contudo, sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs. (…) A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre. Os que te abandonam sem dúvida perecerão. (…) Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamarei todos os teus feitos. (Sl 73.23-28)

Se Deus nos ama, o que ele deve nos dar? O melhor que há nele, aquilo de mais belo e preciso. E o que ele tem de melhor para nos dar senão a ele mesmo, na pessoa de seu amado Filho? Deus nos ama, para Sua glória, e nos dá a si mesmo. Um Deus que me ama e se deu a si mesmo por mim, me leva a louvá-lo. E esta é a forma que Deus consegue minha alegria mais completa: Deus é por nós, mas para que isto aconteça ele precisa se exaltar, buscando nosso louvor, para que a alegria de Jesus “esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15.11).

Como conclusão: quando vivermos para a glória de Deus, o louvor não será algo acrescentado à alegria, mas será a própria alegria completa. Então, quanto mais glorificarmos a Deus, mais teremos alegria e prazer – não nas criaturas, o que seria idolatria, mas no Deus totalmente suficiente, amoroso, bondoso, poderoso, glorioso, santo e digno de todo o nosso louvor.


Bendito és tu, SENHOR, Deus de Israel, nosso pai, de eternidade em eternidade. Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força. Agora, pois, ó nosso Deus, graças te damos e louvamos o teu glorioso nome. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos. (1 Crônicas 29.10-34)

Tributai ao SENHOR, filhos de Deus, tributai ao SENHOR glória e força. Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade. (Salmos 29.1-2)

Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! ‘Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?’ ‘Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?’ Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas.A ele seja a glória para sempre! Amém. (Rm 11.33-36)


Fonte: Blog Fiel

Daniel Mastral e os “anjos” na formação de novas seitas, religiões e heresias


Por Mariel M. Marra

Bruno Faria: Como surgiu a idéia de lançar este livro?

Daniel Mastral: Não nasceu em meu coração, mas no coração de Deus. Apenas obedecemos. Tive uma experiência tremenda com Deus! Fui visitado por um anjo! Pedi isso por anos, pois só havia visto demônios. Mas, a idéia que eu tinha de um anjo era de cunho Barroco; gordinho, cabelos encaracolados, cara de menino, azinhas… O que eu vi, não tinha nada disso! Era forte, um guerreiro! Não tinha asas, e falou comigo, dando claramente a ordem de publicar o livro, e uma unção especial para enfrentar o que viria depois. Foi algo singular, que narraremos com mais detalhes em nosso próximo livro. Não quero estragar a história!
Fonte: Trecho entrevista feita por Bruno Faria, colaborador do website Eucreio.com em 2001

Na resposta acima, Mastral declara que escrever seus livros não nasceram em seu coração, mas sim supostamente veio do coração de Deus por causa da aparição de um anjo que lhe deu tal orientação.

A presente entrevista foi feita em 2001. Neste tempo ocorreram sérias manifestações contra os livros Filho do Fogo vol I e II do Mastral recém lançados, tendo adesão de pessoas importantes tal como Ricardo Godin e Ariovaldo Ramos, sendo que por pouco ele não foi processado pela capelã Eleny Vassão que foi prejudicada pelas supostas denúncias do Mastral a respeito de uma satanista na capelania de um grande hospital em SP ( http://www.uniaonet.com/capelaniahcusp.htm ).

Numa conversa recente que tive com a capelã Eleny por email, ela informou que toda essa história já causou-lhe bastante desgaste, mas ela resolveu deixar com o Senhor a justiça. Ela decidiu continuar seu ministério do mesmo modo que sempre fez, contando com uma equipe fiel de capelães e visitadores, com muitos novos hospitais abertos e muitos novos crentes entre os pacientes, seus familiares e profissionais da saúde, que o Senhor vem acrescentando a cada dia.

Em 2001 os volumes I e II de Guerreiros da Luz ainda não haviam sido publicados, o que somente ocorreu em 2002 dando sequência ao que fora publicado em Filhos do Fogo.

Por que está dizendo tudo isso? – você deve estar se pergutando.
Quando um muro está pronto depois de rebocado e pintado, fica díficil enxergar onde o pedreiro fez as emendas, mas se conseguirmos tirar um pouco da pintura e do reboco veremos claramente o que está oculto.

Desse modo, o objetivo desta crítica literária é demonstrar de maneira cronológica os fatos além do texto para que vejamos que a suposta aparição deste anjo narrada pelo Mastral, ela tem um propósito bastante específico e não aparece em seus livros por acaso.

Em 2001 Mastral estava no início de seu ministério, ainda conservava seu anonimato absoluto e estava sofrendo severas represálias por conta de seus livros Filho do Fogo. As portas estavam se fechando para ele e se não fosse pela ajuda da Neuza Itioka, ele teria encerrado seu ministério.

Ele estava sendo acusado de ainda ser satanista, uma vez que seus primeiros livros ele exaltava demais o satanismo e denegria a imagem da Igreja. Mastral precisava urgentemente de algo que legitimasse seu ministério e limpasse a imagem negativa de seus livros.

Então por que não dizer que tais livros foram ordenados por Deus mediante o próprio Arcanjo Miguel? Afinal quem ousaria discordar disso? E ainda que alguém discordasse, como poderiam provar o contrário, já que se trata de uma suposta experiência pessoal?

Este era o plano perfeito para colocar fim as acusações que vinha recebendo e colocar seus livros no topo das vendagens, pois depois disso ser publicado em Guereiros da Luz, quem ainda ousaria se levantar contra O Ungido de Deus?

E foi o que aconteceu… após o lançamento de Guerreiros da Luz criou-se o mito em torno da figura do autor e as pessoas começaram a seguir o Mastral sem questionar e sem requerer provas de seu testemunho, sendo que Mastral passou a ser visto como aquele que Deus ungiu pelas mãos do arcanjo guerreiro Miguel e fque fora chamado para ensinar a Igreja como se defender da suposta poderosíssima “irmandade” do satanismo.

Enfim, agora as coisas começaram a fazer sentido pra você?

Agora você entende por que Daniel Mastral se enfureceu tanto depois que foi questionado por mim sobre tal aparição angelical? Afinal em Setembro/2006 eu somente queria saber se ele havia seguido a orientação bíblica de testar os espíritos antes de crer neles, tal como diz em I Jo 4:1-3.

Agora você percebe porque virou questão de honra para o Mastral destruir minhas comunidades do orkut e tirar meu site do ar? Isso explica porque em 2006 ele recebeu “misteriosamente” minhas comunidades roubadas por um fake e mesmo sabendo do roubo decidiu apaga-las do orkut alegando em seu site que se tratava da justiça divina.

Agora que as peças estão se juntando, você está vendo o que está por trás disso? Ademais não é preciso tirar todo o reboco de um muro para que as pessoas vejam aquilo que está oculto.

A minha conclusão eu já tirei, agora tire você a sua; Será que o suposto anjo ruivo realmente apareceu para ele ou trata-se de algo que Mastral introduziu em sua estória a fim de legitimar seu ministério e justificar a publicação de seus livros?

Aparição de anjos é uma velha estratégia usada por praticamente todos os fundadores de seitas e novas religiões.

Veja os anjos Participando na formação de Religiões, Seitas e Heresias

Islamismo
Segundo o “Alcorão Sagrado”, Maomé foi revelado numa época em que o mundo vivia sobressalto, enfrentando problemas religiosos, políticos, sociais e econômicos. E isso se deu no ano 610 antes a.D. por intermédio do anjo Gabriel, que apareceu ao profeta no Islã, e lhes transmitiu o Alcorão, e criou oficialmente a religião no ano 622 a.D. Na religião Islâmica também existe uma crença nos anjos, que são liderados por quatro arcanjos: Jibril, Kakhail, Irafil e Izrail. Gabriel é o anjo Jibril, que juntamente com Izrail Israfil, guardam o trono de Alá. Miguel é Mikal no Islã. Um dos anjos, Iblis, por ter recusado a adorar o homem recém-criado, foi expulso do paraíso e provocou o exílio de Adão e Eva. O Islã, não reconhece o pecado original.

Mormonismo
Segundo o profeta dos mórmons, Joseph Smith Júnior, depois de orar, e perguntar a Deus, qual seria a religião verdadeira, lhe apareceu dois anjos resplandecentes, que ficaram pairando sobre a terra. Para Joseph, nessa revelação, eram Deus o Pai e Jesus o Filho (no ano de 1820) em carne, e disseram a Joseph que todas as religiões estavam erradas e que o cristianismo estava totalmente perdido. “Quando a luz repousou sobre mim, um dos personagens disse-me” “este é meu Filho Amado, Ouve-o”. Perguntando aos personagens, qual a seita que ele deveria se unir, a resposta foi que nenhuma, pois todos os credos eram abominação perante Deus, e seus mestres eram corrupto.”

No dia 22 de Setembro de 1827, diz ter recebido de um anjo um livro escrito em estranhos hieróglifos e compostos em placas de ouro, o qual traduziu com grandes dificuldades, e publicou em 1830, como o livro dos mórmons. E o anjo que lhe revelou os documentos foi o anjo Morôni, como um ser ressuscitado. Citações do livro Perola de Grande Valor, escritos de Joseph Smith.

Adventista ou Sabatista
Depois do fracasso, o senhor Guilherme Miller, fazendeiro, batista, que tentou ensinar que Daniel 8.13,14 que fala das 2.300 tardes e manhãs são 2.300 anos. Somando ao ano 457 a.C., data que Esdras chegou a Jerusalém vindo da Babilônia, encontrou o ano de 1843 a.D. para o retorno de Cristo. Ensinando ele essa mensagem, seus adeptos ficaram conhecidos como “adventistas”. Depois de mudar por duas vezes a data da volta de Cristo, desistiu, e voltou para sua antiga igreja, mas deixando para traz um grupo de pessoas, e dentre elas uma senhora por nome Hellen G. White, que se tornou profetiza e papisa dos sabatistas.

No livro “Anjos” escrito pelo pastor Sesóstris César Souza, ele relata que a sra. White em toda sua vida ministerial, foi orientada por um anjo pessoal. Na página 32 desse livro está registrado que a primeira vez que esse anjo apareceu a sra. White, foi no dia 22 de dezembro de 1844 quando teve uma visão. Aconteceu em Portland, estado do Maine, Estados Unidos.

Ora o sr. Miller, já tinha no dia 22 de Outubro de 1844 fracassado novamente a respeito da vinda de Cristo. Segundo o livro do pastor Sesóstris, a sra. White teve a visão, e foi despertada para ver onde estavam seus irmãos ainda feridos pelo desapontamento de 1844. Como não os localizasse, ouviu uma voz que lhe falou: “Olha novamente, olha mais para cima”. Então lhe foi mostrado o povo de Deus viajando num caminho, tendo atrás uma grande luz que iluminava todo o caminho. Então o anjo lhe disse que aquela luz representava o Clamor da meia noite (Mt 25.6). Daí em diante anjos acompanharam-na durante todo o seu ministério, dando-lhe instruções quanto ao trabalho de Deus.

Esse testemunho confirma que a sra. White é a fundadora oficialmente da seita Adventista ou Sabatista, com visão angelical. Todos os livros ou mensagens da sra. White tem a participação direta dos anjos. Esse movimento teve inicio no ano de 1860.

Anjos da Cabala
Muitos têm sido enganados por anjos (caídos). Escritores da atualidade, que estão escrevendo sobre os anjos, mas totalmente fora do contexto bíblico, e tendo por fundamento somente o cabalismo, usam informações básicas do cabalismo judaico que são 72 anjos cabalísticos. Ainda ensinam que os salmos são orações prediletas para fazerem aos anjos. A Cabala é um fenômeno único, e não deve ser considerado como idêntica ao que se conhece na história da religião como “misticismo”. É de fato misticismo, mas ao mesmo tempo é esoterismo e teosofia.

Assembléia de Deus em Boston
A assembléia de Deus em Boston com o pretexto de um avivamento mundial surge com um sub-produto. Um desses, já está se tornando comum em algumas igrejas brasileiras, é a “unção da capa” de Elias. Alguns pregadores andam ensinando, baseados na passagem de II Reis 2.9-15, que se o crente quiser ser vitorioso em sua vida espiritual, deve receber a unção da capa de Elias. Tal unção repousaria sobre os pregadores e poderia ser transmitida em série, bastando apenas que o pregador impusesse as mãos ou jogasse seu paletó (que funciona como tal capa) sobre seus ouvintes para que eles a recebessem.

Nessas sessões, algumas pessoas caem no chão, outras desmaiam e dizem ter “arrebatamentos”. O detalhe, e muito estranho, é que só o pastor da igreja ou o pregador podem despertar o “arrebatado” de seu transe, ninguém mais. As sessões da capa estão se tornando populares em alguns lugares, e até alguns “capistas” que estão fazendo nova versão desse modismo, onde a capa ou manto a ser recebido é invisível, pois seria a capa de um anjo. Diante dessas e outras, vi o Dr. e pastor Geziel Gomes tentar desmentir e dizer que todos estão entendo e interpretando errado. Esse tipo de ensino não passar de heresia, onde também são ensinadas coisas semelhantes no mormonismo.

E agora quem será o próximo? Isso só depende de você leitor!

Não existe grande engano, sem milhares que se permitem ser enganados!

Ainda que você veja grandes sinais e maravilhas sendo operadas através do ministério de alguém, não se entregue! Disse JESUS: … hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Mt 24:23 e 24. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. II Cor 11:14

::Por Mariel M. Marra – marielmarra@gmail.com

Bacharel em Teologia. Membro da Igreja Batista da Lagoinha e colaborador do portal creio.com.br – Perfil no Twitter: http://twitter.com/marielmarra

Qualificações dos Presbíteros: Hospitaleiro 7

Juliano Heyse (editor)

É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro... 1 Tm 3:2

antes, hospitaleiro... Tt 1:8

Introdução

Este termo aparece nas duas listas e pode causar alguma confusão. Isso ocorre porque tendemos a interpretar um texto do século I com olhos do homem do século XXI. Isso é má exegese. Como os comentaristas indicam, o sentido de "hospitaleiro" é diferente do que o homem moderno possa pensar à primeira vista. A idéia não é tanto do sujeito que gosta de abrir a casa para atividades sociais prazerosas, mas do homem de Deus que coloca seu lar abnegadamente à disposição do Reino de Deus.

Grego

Em 1 Timóteo e Tito φιλοξενοζ - philoxenos

Strongs - hospitaleiro, generoso para as visitas

Rienecker e Rogers - hospitaleiro. Em sua condição oficial ele tem o dever de manter sua casa aberta para delegados viajando à igreja, e também para as necessidades ordinárias dos membros da congregação; amor aos estranhos, hospitaleiro.

Outras versões

Outras traduções do mesmo termo em português:

Almeida Revista e Atualizada (ARA)hospitaleiro / hospitaleiro
Nova Versão Internacional(NVI)hospitaleiro / hospitaleiro
Almeida Revista e Corrigida(ARC)hospitaleiro/ dado à hospitalidade
Nova Tradução na Linguagem de Hoje(NTLH)disposto a hospedar pessoas na sua casa / hospitaleiro
Tradução Brasileira(TB)hospitaleiro / hospitaleiro

Comentários

Broadman – cuidado pelos necessitados e pelos viajantes. Hospitalidade aos estranhos conferia distinção à igreja primitiva. Hospedagens decentes eram uma raridade. Os líderes da igreja local tinham a responsabilidade de assegurar que os viajantes tivessem um lugar para ficar (Tito 1:8).

D. A. Carson O pastor / presbítero / bispo cristão não deve ser um ermitão ou um monge, não deve ser alguém que sempre quer ficar isolado das pessoas. Não adianta ter um pastor que é um grande leitor de livros e um pensador disciplinado, mas que só ama a igreja em teoria, ao mesmo tempo que não suporta as pessoas. O ministério é algo ligado a tocar as vidas das pessoas.

Jamieson, Fausset e Brown – necessário especialmente naqueles dias (Rm 12:13; 1 Tm 3:2; Hb 13:2; 1 Pe 4:9; 3 Jo 5). Cristãos viajando de um lugar para outro eram recebidos e encaminhados em suas jornadas pelos seus irmãos.

João Calvino – A "hospitalidade" citada aqui, é em relação a estranhos, e esta era muito comum entre os povo da antiguidade; por que seria considerado infame para pessoas respeitáveis, e especialmente para aqueles que eram bem conhecidos, hospedar-se em tavernas. Nos dia de hoje, a situação é diferente; mas esta virtude é e sempre será altamente necessária em um bispo, por muitas razões. Além disso, durante as cruéis perseguições aos santos, muitas pessoas devem ter sido freqüentemente constrangidas a mudar sua habitação; e, portanto, era necessário que as casas dos bispos fossem um retiro para os exilados. Nessas ocasiões, a dura necessidade compeliu as igrejas a prover ajuda mútua, de forma que eles davam abrigo uns aos outros. Ora, se os bispos não tivessem indicado o caminho a outros nesta área do dever, o maior parte deles, seguindo seus exemplos, teria negligenciado o exercício de humanidade, e assim os pobres fugitivos teriam ficado grandemente desanimados.

John Gill – inclinado ao amor pelos estranhos, e ao entretenimento deles; e especialmente aos santos e colegas ministros que são exilados ou viajantes por causa do progresso do Evangelho, ou em alguma causa justa e louvável. A estes ele deve ajudar pelo seu conselho, e com aquilo que é necessário à vida, de acordo com suas habilidades. Abraão e Ló são exemplos notáveis desta virtude.

John MacArthur – Este termo vem de uma palavra grega composta que significa "amor aos estranhos". Como em todas as virtudes espirituais, os presbíteros devem dar o exemplo; suas vidas e lares devem estar abertos para que todos possam ver seu caráter espiritual.

Matthew Henry –(Tm) Ele deve ser um dado à hospitalidade, generoso com estranhos, e pronto a recebê-los de acordo com suas habilidades, como alguém que não põe seu coração sobre as riquezas deste mundo e que ama de verdade a seus irmãos. (Tt) um amante da hospitalidade, como uma evidência de que ele não é cobiçoso de torpe ganância, mas está disposto a usar o que ele tem para os melhores propósitos, não entesourando para si mesmo buscando evitar a doação caridosa para o bem de outros; receber estranhos (como a palavra denota), era um grande e necessário ofício de amor, especialmente naqueles tempos de angústia e aflição em que cristãos foram forçados a fugir e vagar em busca de proteção contra a perseguição e os inimigos, ou viajando para lá e para cá onde não havia tais casas públicas para recepção como nos nossos dias, ou até mesmo, talvez, muitos desses pobres santos sequer tinham suficiência própria para tal uso. Receber e entretê-los era algo bom e agradável a Deus. E tal espírito e pratica, de acordo com a habilidade e ocasião, é muito apropriado para aqueles que deveriam ser exemplos de boas obras.

New American Commentary – (Tm) Em relação a outros crentes os cristãos devem ser "hospitaleiros". Grupos cristãos em viagem (3 Jo 5-8) dependiam da bondade de cristãos locais ao atravessaram as comunidades enquanto propagavam o evangelho. A tarefa de cuidar de cristãos e de outros "estranhos" era altamente respeitada tanto na cultura cristã quanto na cultura grega (Rm 12:13; 1 Tm 5:10; 1 Pe 4:9). (Tt) O presbítero deve ser "hospitaleiro". Compreendido de maneira geral, o ancião deve ser dedicado ao bem-estar de outros. Especificamente compreendido, os deveres do ancião podem exigir que ele receba visitantes cristãos ou não-cristãos em nome da igreja.

William MacDonald (Tm)– Hospitaleiro significa que ele ama os estranhos. A casa dele está aberta para os salvos e os não-salvos, e ele procura ser uma benção para todos aqueles que se abrigam sob seu teto. (Tt) Sua casa deve estar sempre aberta para receber bem os estranhos, os que têm problemas pessoais, os desanimados e os oprimidos. Ela deve ser um lugar de alegre comunhão cristã, onde cada visitante é recebido como se fosse o próprio Senhor.

Conclusão

Os comentaristas pouco divergem quanto a este atributo. O presbítero é o primeiro a abrir a casa para uso do Reino de Deus. Isso pode significar torná-la uma hospedaria, um restaurante, um abrigo, uma base de operações, uma referência para o avanço do Evangelho. E como disse MacDonald, "a casa dele está aberta para os salvos e os não-salvos". Claramente a casa não é dele, mas do Senhor.


Fontes

Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento – William MacDonald – Ed. Mundo Cristão
The Broadman Bible Commentary – Broadman Press
The MacArthur Bible Commentary – Thomas Nelson Publishers
Bíblia OnLine 3.00 – SBB
Definindo o que são presbíteros – artigo de D.A.Carson - http://www.bomcaminho.com/dac001.htm
The New American Commentary – Broadman Press
Chave Linguística do Novo Testamento Grego – Ed. Vida Nova

Tradução (onde necessário): Juliano Heyse

Bíblia e Predestinação [8] - A Graça Irresistível


Leia o post anterior desta série clicando aqui.

Errar é humano, já diz o ditado. Os alvos não alcançados, as frustrações, a amarga sensação do fracasso...todos esses sentimentos são comuns e frequentes na vida de seres humanos caídos e imperfeitos como nós. Que atire a primeira pedra aquele que jamais passou por essas experiências.


Na verdade o erro é tão familiar ao ser humano que o atribuímos com muita naturalidade ao próprio Deus Vivo. Olhamos para os desastres da criação, os crimes da humanidade e as doenças...e quase que automaticamente dizemos: "Deus falhou". Não hesitamos em lamentar a "falha" daquele que em nossas orações e confissões de fé chamamos de Perfeito.

Vamos além...e vemos essa falha dentro da própria Igreja de Cristo. Olhamos para a quantidade de pessoas que ouvem o Evangelho e o rejeitam e dizemos que isso não aconteceu porque os homens resistiram à graça de Cristo! Consideramos que seres finitos são mais poderosos que o Infinito, que a força de vontade humana pode sobrepujar a graça de Deus...e que essa é a explicação de porque tão poucos são salvos. Levando o raciocínio à sua conseqüência lógica, significa dizer que a graça de Deus é falha, porque é limitada pelo querer humano.

O raciocínio descrito acima é o assumido pelos não-calvinistas, por todos aqueles que imaginam que Deus limita a eficácia de Sua graça ao querer humano. Talvez eles protestem, dizendo que o fato do homem poder rejeitar a graça divina não significa uma imperfeição ou falha divina. Contudo, se eles estiverem certos, então a graça de Deus foi oferecida a muitos...e a maioria deles recusou um presente que, na perspectiva deles, Deus queria que fosse partilhado por todos os homens. Mas, que realmente diz a Bíblia sobre o assunto? A graça pode ser recusada?

Jesus não pode falhar
Para entendermos esse ponto, primeiro precisamos relembrar quem são os verdadeiros alvos da graça salvadora de Deus. Já vimos nos posts anteriores desta série que Jesus não morreu por todos os homens, Ele morreu apenas pelos Seus eleitos. Estes são as suas ovelhas e, inevitavelmente, seguirão a Cristo, porque Lhe pertencem. É o que conta a parábola do bom pastor, em João 10.
Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque reconhecem a sua voz; mas, de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus lhes propôs esta parábola, mas eles não compreenderam o sentido daquilo que lhes falava. (João 10:1-6)
Infelizmente, ainda hoje os não-calvinistas também não entenderam o que Cristo quis dizer:

1) Há um ladrão e um pastor. Existem duas pessoas interessadas nas ovelhas do aprisco. Um e o ladrão e salteador, que é o diabo. O outro é Jesus, o verdadeiro pastor. Todos os seres humanos seguirão ou a um ou a outro.

2) Jesus chama as Suas ovelhas. Cristo não fica impassível, esperando que alguém recolha para Ele a sua Igreja. A parábola mostra que é o próprio Jesus quem se dirige aos Seus escolhidos. Na verdade, o chamado para a vida eterna não é feito pelos pregadores ou discípulos, é feito pelo próprio Jesus. Na evangelização, a Igreja é apenas o instrumento usado pelo Senhor para reunir o Seu próprio povo. Nenhuma ovelha de Cristo deixa de ouvir a Sua voz.

3) As ovelhas pertencem a Jesus. Não há uma disputa entre o ladrão e o pastor para ver quem tem mais ovelhas. Existem as ovelhas que pertencem a Jesus, que são de propriedade d'Ele. E, como dono delas, Jesus as chama e as conduz para fora. Dito de outra forma, Jesus cuida de Suas ovelhas. Imaginar que uma delas pode se perder, ou se revoltar contra Seu dono e ser abandonada por Ele é sim, nesta parábola, atribuir uma falha ao Pastor Jesus, que teria relaxado em Seu dever.

4) As ovelhas seguem a Jesus e não ao estranho. Há uma diferença gritante entre o ladrão e o verdadeiro Pastor em todo este capítulo. Os ladrões e salteadores, servos de Satanás, vem antes de Jesus e não são ouvidos pelas ovelhas:
Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. (João 10:8)
O ladrão vem matar, roubar e destruir as ovelhas, mas o Pastor vem dar a vida:
O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (João 10:10-11)
Mais do que isso, o ladrão se descuida de suas ovelhas e deixa que elas sejam devoradas, Jesus conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas:
O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa; O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhce a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. (João 10:12-15)
Quando se comparam as qualidades de Jesus e de Satanás, entendemos porque as ovelhas de Cristo O seguem e não ao estranho (João 10:4-5). Na verdade, Jesus é claro em dizer que "de modo nenhum seguirão o estranho". As verdadeiras ovelhas de Cristo sabem o que Ele fez por elas, conhecem-nO e as Suas obras, por isso não o trocam pelo estranho.

5) Nem todos são ovelhas de Jesus. Repare que o Pastor chama as suas próprias ovelhas (João 10:3) e que faz sair todas, sem exceção, das que lhe pertencem (João 17:4). Isso mostra que nem todos os seres humanos são salvos ou pertencem a Cristo. Mostra também que o Seu chamado é 100% eficaz com as ovelhas que Lhe pertencem.

Aqui Jesus ensinou duas doutrinas: a da expiação limitada (que já tratamos aqui) e a da graça irresistível.
Graça irresistível é a doutrina que ensina que a graça salvadora de Jesus Cristo é irresistível aos Seus eleitos, de modo que todos os predestinados à salvação, em algum momento de suas vidas, se rendem a Cristo.
Mas e aqueles que rejeitam ao Evangelho?
A resposta é simples: aqueles que ouvem o Evangelho, mas o rejeitam definitivamente, àqueles que resistem ao chamado de Jesus, estes não são ovelhas d'Ele e nem foram predestinados à salvação. É o que podemos ver em uma outra história, quando Paulo e Barnabé foram pregar em Antioquia da Pisídia:
No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Mas os judeus, vendo as multidões, tomaram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava. Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios. Porque o Senhor assim no-lo determinou: Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra. Os gentios, ouvindo isto, regoziajavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna. (Atos 13:44-48)
Os que são destinados à vida eterna creem. Os que rejeitam o Evangelho e a palavra de Deus, esses apenas mostram que não pertencem a Cristo.

Advertência

De fato, para o cristão, a graça irresistível é uma doutrina que traz conforto, mas que também serve de alerta. Quando essa graça é derramada sobre alguém, essa pessoa segue a Jesus e não mais aos estranhos. Ela não irá atrás de falsos pastores, de falsos ensinos ou falsos chamados. Ela seguirá ao Seu Pastor, reconhecerá a Jesus como dono e estará aonde Ele estiver. De fato, a graça irresistível não produz somente fé, mas sim uma vida de obediência ao Senhor.

Por outro lado, quem rejeita a Jesus deve considerar que, segundo Cristo, está indo atrás de um ladrão, de alguém que veio matar, enquanto o Pastor veio dar a Sua vida. Se essa rejeição persistir, a morte e a destruição são as únicas coisas que aguardam os que se mantiverem rebeldes à palavra de Deus.

sábado, 24 de abril de 2010

SUSTENTO PASTORAL & O CORPO LOCAL













Por Jorge Fernandes


Escrevi acerca do dízimo e ofertas há um ano aproximadamente (leia o post aqui). Retorno ao tema para nova abordagem do assunto, agora sobre a biblicidade do sustento pastoral (parcialmente examinado no mesmo post). Muitos, de cara, torcerão o nariz, mas peço-lhe que orem, despojem-se de seus preconceitos, terminem de ler o texto, e tirem suas conclusões. E que o bom Deus nos abençoe.

Primeiro, um esclarecimento: Não sou pastor, seminarista, nem recebo salário da igreja da qual sou membro.

Segundo, muitos dirão: "Veja quantos pastores profissionais existem, que sugam tudo o que podem dos fiéis, extorquindo-os com falsas promessas de bênçãos enquanto se empanturram de dinheiro, gastando-o da forma mais mundana possível, em bens materiais e suntuosidade". Reconheço, é verdade. Há muitos líderes que "vendem" o Evangelho, tratando-o não menos que um produto rentável. Mas isso representa dizer que todos são mercenários? Que estão buscando o que lhes é próprio ao invés da glória de Deus? Não! E a despeito de todos os falsos mestres (os quais estão sob a ira de Deus), a Bíblia exorta a igreja a suprir as necessidades dos que pregam a palavra.

Terceiro, nossa igreja é pequena e de poucos recursos; auxiliamos o nosso pastor em seu sustento, contudo, ele trabalha secularmente seis dias por semana, 10 horas por dia, para suprir as necessidades de sua família. E percebo que se ele fosse um pastor de tempo integral dedicado à igreja, tanto os membros como os trabalhos evangelísticos seriam fortalecidos.

Quarto, não quero generalizar, mas, normalmente, os que atacam o sustento pastoral são aqueles que se acham dignos de serem crentes, desde que não tenham de sacrificar nenhuma parte dos seus bens. De certa forma, o que move os "mercadores da fé" é o mesmo que os move: a avareza, o amor ao dinheiro.

Quinto, há os que tentam espiritualizar o que não é espiritual. O Evangelho de Cristo é espiritual, porém, proclamado fisicamente pelo pregador, pela impressão de Bíblias (por mãos incrédulas, muitas vezes), em suma: por meios humanos. Tentar provar que a pregação do Evangelho não é trabalho (seja remunerado ou não) é contradizer o próprio tratamento dado à questão por Jesus (Jo 4.38, 5.17), e Paulo (1Co 3.8, 15.58; Cl 1.29; Hb 6.10).

Feito os esclarecimentos, analisemos alguns versículos que tratam do assunto:
1) "Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?" (1Co 9.7).

O que o apóstolo está dizendo? Aqueles que pregam o Evangelho que vivam do Evangelho (1Co 9.14). Paulo reinvindica o direito de ser sustentado em seu ministério pela igreja. Como afirma: "Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?" (1Co 9.6). Provavelmente os coríntios acusavam Paulo de "mercadejar" o Evangelho, de procurar o benefício próprio, de pregar o Evangelho por motivos mundanos. Porém, revela-lhes que tanto ele como os demais apóstolos têm o direito de terem o sustento para si e suas famílias, e de que essa responsabilidade cabe à igreja (1Co 9.4-5). Não é o que parece ao afirmar "Esta é minha defesa para com os que me condenam" (1Co 9.3)? E "Digo eu isto segundo os homens?" (1Co 9.8). Ao que arremata: "Ou não diz a lei também o mesmo?" (1Co 9.8).
Paulo prossegue a argumentação protestando que, aquele que lavra e debulha (ou seja, aquele que trabalha), lavra e debulha com esperança de ser participante (1Co 9.10). E continua: "Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?" (1Co 9.11). O apóstolo declara que esperava colher muito menos dos coríntios do que lhes tinha dado, mas ainda assim, esperava obter o necessário para a sua subsistência.

A sequência à qual Paulo expõe o seu pensamento é extremamente lógica, e impossível de não entendê-la, a menos que seja lida com premissas falhas. É o que muitos dirão, justificando-o com o v. 12: "Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo" (grifo meu).

Atentamos que o verso fala de um "direito" que o apóstolo possuía, o qual era o de ser mantido pela igreja. Porém, diante das dúvidas levantadas pelos coríntios, e da própria resistência da igreja em ajudá-lo, ele não "usou" esse direito, para que a descrença dos coríntios não aumentasse, e fosse "impedimento" para a proclamação do Evangelho. Dizer que Paulo censurou os ministros que são sustentados pela igreja é distorcer completamente o sentido daquilo que ele próprio diz.

Resumindo: Paulo não pregava o Evangelho por causa das recompensas, por aquilo que a igreja iria lhe dar; ele pregava o Evangelho por amor a Cristo e aos eleitos (2Tm 2.10), contudo, esperava que, como igreja, os irmãos suprissem as suas necessidades.

2) "Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado" (2Co 11.8).

Qual de nós, vendo o irmão em necessidade, vira-lhe as costas? Foi o que os coríntios fizeram em relação a Paulo. E ele os exorta com tristeza, sabendo que negligenciaram o seu compromisso para consigo; porém com o nítido objetivo de não somente apontar-lhes o erro, mas de levá-los ao arrependimento e correção. Senão, por que tocar no assunto?

Há quem entenda que Paulo está condenando os que recebem salário, como alguém que é "pesado" à igreja, um usurpador (ao contrário, o que ele diz dos coríntios é que suas atitudes eram usurpadoras, eles é que "roubavam" dos macedônios ao receber o Evangelho de graça, sem nenhum sacrifício).

É claro que há casos e casos. Aqueles que se utilizam da posição de liderança no ministério para o enriquecimento, a abastância material, o deleite carnal, o consumismo desenfreado, e o apego sórdido ao dinheiro (seja pastor ou não) comete pecado, e é injusto. Em outras palavras, quem age assim sequer é convertido. Porém, o fato de muitos agirem desta forma (e, infelizmente, parece que o pastoreio se tornou num novo "toque de Midas" o qual transforma tudo o que põe a mão em ouro), não representa que o princípio da subsistência ministerial seja antibíblico.

Novamente, Paulo escreve aos coríntios dando-lhes "um puxão de orelhas", entre outras coisas dizendo que eles deveriam agir e viver como igreja. Havia muita divisão entre eles, muito sectarismo; e para a sua tristeza, especialmente por que plantara a igreja, eles o desprezavam em detrimento aos falsos apóstolos (2Co 11.1215) os quais, certamente, eram os que o caluniavam junto ao povo.

Ele defende-se de que, em nada é menor do que os demais apóstolos e, portanto, tem o mesmo direito que os demais tinham, inclusive o de viajar com sua família, como Pedro fazia (2Co 11.5). Mesmo solteiro, Paulo reivindica esse direito, o de constituir uma família e poder viajar com ela no seu ministério.

Temos de entender que o fato de Paulo pregar de graça aos coríntios, e os coríntios o receberem sem se preocupar com as suas necessidades, é motivo de glória para o apóstolo e de "desglória" para a igreja de Corínto, ainda que isso não os impediu de serem abençoados pela pregação do Evangelho. É o que ele diz: "Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?" (v. 7).

À frente, no capítulo 12, vem-nos a confirmação: "Pois, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo... Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado" (2Co 12.13,15 - grifo meu). Parece-me que Paulo coloca os coríntios em pé de igualdade com as demais igrejas, a não ser pelo fato dele não ter sido "pesado" a ela. Em outras palavras, os coríntios estavam numa posição "inferior", em débito, por não terem com essa beneficência demonstrado "amor" ao apóstolo. É assim que Paulo os retrata: enquanto o seu amor por eles aumentava a ponto dele se sacrificar para pregar-lhes o Evangelho (o que implica em passar necessidades), a igreja de Corinto não se dispunha a auxiliá-lo em seu sustento, como prova de amor.

No fim das contas, o que importa é isso: o amor a Cristo e Seu Evangelho, o que resulta em obediência.

Apêndice: De certa forma, o mesmo sectarismo que Paulo aponta entre os coríntios, vemo-lo hoje. A Igreja está tão dividida, inclusive pelos que pregam unidade, pelos sem "placas" nem "nomes", pelos que se julgam filhos "exclusivos" de Deus, pelos que se consideram "libertos" mas estão presos ao pior farisaísmo existente, e acabam por se esquecer do principal: pregar o Evangelho de Cristo crucificado (1Co 2.2).

Perdemos tempo com "outros" evangelhos, e negligenciamos o que realmente importa. Com isso, não quero jogar para "debaixo do tapete" os problemas da igreja, muito menos pregar o evangelho ecumênico. Longe de mim cometer estes pecados. Mas, se ao invés de gastar o precioso tempo de que dispomos tentando "corrigir" os erros de outras igrejas e denominações, preocupássemos conosco, nossos irmãos e igreja certamente estaríamos "salvando" a nós mesmos e aos nossos queridos... Um minuto! Não confunda uma frase hiperbólica com salvação de verdade, a qual apenas o nosso Senhor Jesus Cristo é capaz de realizar. Quero dizer é que, nos preocupamos em "salvar" os outros (pelo menos nos enganamos com essa idéia), quando na verdade o nosso objetivo é "revelar" o quanto estão errados e desviados do caminho; e assim nós mesmos acabamos nos desviando do caminho, substituindo o amor pelo legalismo, a mera acusação, e a autoexaltação. E, por favor, não confundam essa declaração com a condenação à disciplina bíblica, pois a disciplina é atributo da igreja, do corpo local, e não de irmãos isolados que falam por si só, como se fossem a própria voz de Deus (estes, se forem eleitos, são alvos da disciplina divina).

Deus levantará segundo a Sua santa vontade irmãos que farão o trabalho apologético, defendendo a fé bíblica apontando o erro daqueles que são antievangelho, e mesmo dos cristãos que "deslizaram" em um princípio ou outro. Mas, infelizmente, o que acontece é que, de uma hora para a outra, a maioria se arrogou e arvorou apologista, e saiu "atirando" para todos os lados, como uma metralhadora descontrolada.

Enquanto isso, sorrateiramente, o diabo planta dentro do corpo local suas heresias, mas como nossos olhos estão voltados para os erros alheios (de outras denominações e outros irmãos denominacionais, cuja disciplina não está ao nosso alcance), permitimos que a nossa omissão e desleixo corrompa-nos também.

O pior é que muitos nem sequer participam do corpo local, acreditando num cristianismo solitário e individualista, numa clara rebeldia aos princípios bíblicos que dizem defender. No fundo, se consideram superiores e melhores do que os mandamentos de Cristo; e sentam-se confortavelmente em suas torres de observação, desprezando-a, ridicularizando-a, pois sequer passa-lhes pela cabeça submeter-se à autoridade com que o Senhor investiu-a.

São "livres" para bater à vontade, contudo, esquecem-se de que, caso sejam eleitos, a mão disciplinadora de Deus está sobre eles. Se não forem, não há disciplina, mas a condenção eterna os aguarda.

A melhor forma de se pregar o Evangelho de Cristo é pregando o Evangelho de Cristo, e não combatendo o antievangelho. Qualquer um pode combater (pois nem mesmo argumentos precisa-se ter, apenas vontade, disposição), mas poucos são capacitados a viver o Evangelho, pois para isso é preciso ser convertido por Cristo, regenerado e lavado no Seu sangue.

A melhor forma de se lutar contra a fraude e a heresia é expondo a verdade bíblica. De nada adianta refutar a heresia se não se obedece aos mandamentos do Senhor, e assim fazendo-o, demonstra não amá-lO (Jo 14.15) e, "em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens" (Mc 7.7).

Portanto, é urgente que antes de se entrar numa "caça às bruxas", que se viva o Evangelho, testemunhando a Cristo nosso Senhor. Fim do apêndice.

Finalizando, transcrevo mais uma vez as palavras do apóstolo Paulo: "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário" (1Tm 5.17-18); porque "se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos. Considera o que digo, e o Senhor te dê entendimento em tudo" (2Tm 2.5-7).

Timóteo ouviu.

E nós?

Fonte: KÁLAMOS