Por Clóvis Gonçalves
Problemas do pedobatismo
Um problema do pedobatismo é que pessoas podem fazer parte da igreja sem fé consciente. Por serem incluídas na igreja quando criança, quando crescerem podem permanecer incrédulas e continuarem pertencendo à igreja. O pedobatismo consistente terá que aceitar que uma pessoa batizada na infância deve ser considerada cristã até que dê evidência em contrário. Ao invés de se buscar frutos dignos de arrependimento, busca-se evidências de apostasia. Porém, o que se espera com a pregação do evangelho é a conversão e não o desvio dos ouvintes.
Um problema do pedobatismo é que pessoas podem fazer parte da igreja sem fé consciente. Por serem incluídas na igreja quando criança, quando crescerem podem permanecer incrédulas e continuarem pertencendo à igreja. O pedobatismo consistente terá que aceitar que uma pessoa batizada na infância deve ser considerada cristã até que dê evidência em contrário. Ao invés de se buscar frutos dignos de arrependimento, busca-se evidências de apostasia. Porém, o que se espera com a pregação do evangelho é a conversão e não o desvio dos ouvintes.
Uma segunda consideração, ligada à primeira, é que o pedobatismo baseado na aliança requer duas maneiras de proclamar o evangelho: aos não batizados para crerem e se juntarem ao povo da aliança e aos batizados para se arrependerem porque já fazem parte da aliança. A implicação é que se teria dois evangelhos, uma para batizados e outros para não batizados. Como fica a unidade do evangelho, uma vez que o conteúdo da pregação deve ser sempre o mesmo?
Um terceiro ponto é que, ao contrário do ensinou Calvino, o batismo infantil desvaloriza a graça de Deus, por reduzir o cristianismo a um fenômeno puramente social. Na prática, ocorre uma secularização do batismo, onde pais descrentes "aprontam o bebê" para o batismo por mero costume ou convenção social. Sem contar que em alguns países a pessoa se torna cidadã por ser batizado numa igreja estatal. Ou seja, o batismo infantil pode ser praticado sem referência alguma à graça de Deus.
A resposta à objeção acima nos leva ao quarto item da nossa lista de problemas provocados pela prática do batismo infantil. Afirma-se que o batismo infantil só é administrado a filhos de pais crentes. Isto significa que o batismo de uma criança não se baseia no amor de Deus, nem no fato de que Jesus abençoou as crianças e nem mesmo na certeza de que a graça precede a fé, mas no fato de que tem determinados pais. E na prática, decidir quais pais são cristãos é mais difícil do que avaliar quem pede o batismo alegando fé consciente.
O quinto problema de nossa lista tem a ver com a pedocomunhão. A maoria das igrejas que batizam os filhos de crentes por considerar que o batismo é sucedâneo da circuncisão não recebem esses mesmos filhos à mesa da comunhão. Ora, mais certo que o batismo substitui a circuncisão é de que a ceia do Senhor substitui a páscoa. E a família inteira comia da páscoa, o único requisito era que todos os homens tivessem sido circuncidados. Portanto, por que não administrar a ceia a quem já recebeu a "circuncisão cristã"?
Novamente, a resposta oferecida, que a ceia do Senhor requer capacidade de discernimento, o que é definido a partir da cerimônia chamada de confirmação, traz seus problemas a reboque. A prática tem fundamento bíblico igual a zero e entrou no protestantismo da mesma forma que o batismo infantil: via catolicismo romano. A origem da confirmação ou crisma vem do fato que o batismo era essencial para a salvação e deveria ser realizado por um bispo, o que nem sempre era possível. Então o batismo era administrado por outra pessoa e quando o bispo visitasse a paróquia confirmava o mesmo, ocasião em que a pessoa "recebia" o Espírito Santo. Os reformadores não compreenderam ou não ligaram para essa origem torta da prática, mas a adotaram como um rito de iniciação à mesa do Senhor.
Conclusão
Em conclusão artigo, reafirmo que por não estar fundamentado em proposições bíblicas, por ter se estabelecido não antes do terceiro século como prática da igreja e ainda assim amalgamadao com erros soteriológicos, por ter sido questionado, embora mantido pelos reformadores magisteriais, por depender de argumentos teológicos baseados em premissas que não levam necessariamente à conclusão que o confirmem e por apresentar mais dificuldades que soluções é que eu não adoto o batismo infantil.
Contudo, isto não significa que eu não aceito como irmão em Cristo ou que defenda o rabatismo aqueles que foram batizados em uma igreja evangélica quando crianças, muito pelo contrário. O batismo de adulto para mim é uma prática bíblica, mas não um dogma de fé que deva separar irmão em Cristo.
Caríssimo irmão:
ResponderExcluirPermita-me fazer-lhe algumas perguntas: Você tem filhos? Se a resposta for positiva passaremos à segunda pergunta: Para onde eles irão, caso morram ainda hoje? Para o inferno ou para o céu? Como um bom teólogo batista responderás, sem pensar: para o céu, obviamente, porque ele não pode ainda ser responsabilizado nem exercer fé, certo? Muito bem. Resposta coerente com a teologia batista. Quero dizer que concordo com ela também (ainda que em parte).
Ultima pergunta: Se vc não nega o benefício maior para as crianças (sua entreda no céu, sem restrinção), por que negarias, então, o menor (o símbolo dessa entrada no céu), o Batismo?
Outra coisa: Por que não batizar as crianças? Porque elas ainda não sabem o que querem? Porque devem decidir, elas mesmas, apenas quando adultas para que não saiam da igreja depois do batismo? Mas, e a grande quantidade de pessoas que já se batizaram em sua igreja e saíram e abandonaram o evangelho?
Fica a provocação...rs..
Tudo de bom, felicidades e parabéns pelo blog. Graças a Deus, no essencial, estamos juntos!
Graça e paz meu bom amigo Fábio,
ResponderExcluirVocê está provocando onça com vara curta (rs).
Eu não batizo recém nascido, mas batizo crianças desde que estas já entendam o que é a salvação em Cristo Jesus, e isso geralmente ocorre com crianças acima dos oito anos, mais ou menos. E mesmo assim, só batizo quando os pais são crentes também e que confirmem que esta criança é realmente convertida. Por exemplo, eu batizei a minha filha com oito anos, hoje ela está com vinte anos e continua na igreja, dando bom testemunho e inclusive trabalha na escola de música de nossa igreja.
Agora uma coisa você tem razão, muitos dos que nós batizamos depois de adultos acabaram se afastando da igreja, mas cada caso é um caso.
No entanto eu ainda fico com o que Jesus falou, "todo aquele crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado". E outro detalhe, batismo por imersão.
Mas aqui entre nós, não será o batismo e a sua forma que irá abalar a nossa amizade, ainda mais que dependendo do ponto de vista nós dois levamos muito a sério esse mandamento do Senhor Jesus.
Fique na Paz!
Pr. Silas
Olá!
ResponderExcluirFico feliz pela forma madura e Cristã que o senhor trata o assunto. Sou um admirador da seriedade batista. Infelizmente tem muita gente usando esse nome indevidamente. Mas, pastor, permita-me ainda "cutucar a onça com vara curta" (gosto de viver perigosamente)..rs....rs...
com esse versículo citado pelo senhor e de acordo com sua argumentação, poderia inferir que as crianças que ainda não podem exercer fé (aquelas abaixo dos "oito anos mais ou menos") estão Condenadas? Veja o que diz o verso: "mas quem não crer será condenado". Não precisa lembrar que a maioria dos teólogos batistas colocam todas as crianças no céu!
Suponhamos ainda que sua filha (graças a Deus não foi assim; que bom que podemos falar nisso apenas hipoteticamente) tivesse morrido aos 03 anos de idade (pela sua argumentação nessa idade não teria a menor condição de exercer fé). Ela iria para o inferno porque não tinha condições de exercer fé e, consequentemente, receber o batismo? O senhor teria coragem de dizer a muitas mães de sua igreja que se seus filhos morrerem antes dos "oito anos mais ou menos" estarão eternamente condenados, no inferno?
Fico feliz que sua filha esteja firme na igreja. Essa é realmente uma grande dádiva do senhor. Tenho um casal (12 e 09 anos), ambos batizados na infância, com base na nossa fé e tutelela (assim como ocorria a circuncisão no VT) amparados pelo aliança que o Senhor fez conosco (não qual são incluídos os filhos). Espero que o grande Deus me conceda a mesma graça que lhe concedeu, em vê-los servindo ao Senhor em inteireza de coração.
Nós também só batizamos crianças filhas ou tuteladas por pais crentes e membros de nossa igreja. Já aconteceu de avós paternos (membros de nossa igreja) trazerem seus netos (sem, contudo, serem responsáveis legais por eles) ao batismo e o conselho da igreja não os batizou porque os pais das crianças não estavam incluídos no pacto da graça (não eram crentes).
Tudo de bom!
Fábio,
ResponderExcluirNo caso de crianças que entendemos como não tendo a idade da razão nós ficamos com a palavra de Jesus que nos diz que dos tais é Reino de Deus, e outro detalhe, tanto você como eu sabemos que batismo não salva e que Deus tem os seus escolhidos (eleitos), e esses, independente de passarem pelas águas batismais, não irão para o inferno.
PS: A onça ainda não lanchou (rs).
Vou te confessar uma coisa, esse negócio de quem se perde e quem não se perde, quem vai para o inferno e quem não vai para o inferno é muito complicado de afirmarmos. Eu creio que no céu teremos muitas surpresas.
O Clóvis quando escreveu esses artigos respondeu a muitas perguntas teológicas no artigo cindo: "Por que não sou pedobatista? - 5", que está no blog. Alguns que o estavam questionando acabaram mudando de idéia quando leram o que ele argumentou. Vale a pena dar uma olhada. Não necessariamente para você mudar de idéia, mas pooode (rs).
Um detalhe que me esqueci de te dizer, o meu filho, hoje com dezesseis anos também foi batizado com oito anos e é o pianista da igreja (mas os meus dois filhos pediram para serem batizados).
Fique na Paz!
Pr. Silas